04/08/09
Em meio a pior crise financeira dos últimos 70 anos, o grande público, incluindo os ciclistas, se familiarizaram com o nome Lehman Brothers, banco americano de investimentos de 150 anos que representava a elite do mundo capitalista.
O que pouco ciclistas sabem é que, os executivos do Lehman Brothers haviam acertado em 2007 um investimento na SRAM no valor de U$ 200 milhões. A SRAM é uma companhia de bicicletas e peças americana que fatura anualmente meio bilhão de dólares: Sinal dos novos tempos.
Houve um tempo que o ciclismo de competição era esporte de europeus, os câmbios eram campagnolo e as bicicletas francesas ou italianas.
Página virada: Hoje, a japonesa Shimano e SRAM dividem a liderança com a campagnolo, a venda de quadros é amplamente dominada por bikes feitas na Ásia e a equipe campeã do Tour de France 2008, CSC, utiliza bicicletas feitas em Taiwan, consideradas uma das mais avançadas do mundo. Na atualidade, o maior garoto propaganda do ciclismo é um americano que teve câncer e ganhou 7 vezes o Tour de France sempre utilizando bicicletas americanas Trek que ele, pessoalmente, ajudou a aperfeiçoar.
A maior fabricante mundial do ciclismo é taiwanesa (Giant, usada por Mark Cavendish da High Road) que, inclusive é também a maior fornecedora de quadros para as tradicionais marcas européias, como a italiana Colnago. Nas ruas da Europa, e mesmo nos pelotões das competições amadoras européias, é maior o número de bicicletas americanas e taiwanesas em comparação às marcas feitas na europa.
Nas equipes do ciclismo participantes do PROTOUR vê-se um aumento constante do patrocínio das bikes americanas e feitas em Taiwan. Entre elas QuickStep (Specialized), Liquigás (Canondale), High Road (ex-TMobile - Giant), Gerolsteiner (Specialized), CSC (Cerveló), entre outras.
Uma mudança paradigmática nesse ano foi a substituição da Colnago pela Giant em uma parceria de mais de uma década com a tradicional equipe Rabobank. A empresa do septuagenário Ernesto Colnago simplesmente não teve cacife para fazer frente a uma milionária oferta da Giant para a parceria com a Rabobank. Estima-se que o faturamento da Giant seja de 20 a 40 vezes maior que o faturamento da Colnago.
A TREK, oito vezes campeã do Tour de France, faturou em 2007 a importante soma de 700 milhões de dólares.
Mas o que interessa de fato aos ciclistas, deixando de lado o aspecto econômico, é o que está por trás da qualidade dessas bicicletas?
Afinal quem produz as melhores bicicletas???
Afinal quem produz as melhores bicicletas???
Evidentemente, com essa quantidade de dinheiro disponível, essas empresas não medem recursos tecnológicos para fabricarem os melhores produtos do mundo. E, de fato tem muitos recursos à disposição, incluindo os melhores ciclistas do mundo testando suas bicicletas. Os ciclistas profissionais não são totalmente isentos ao falar de equipamento. Entretanto existem alguns fatos e declarações feitas informalmente que dizem muito sobre essas novas marcas e bikes:
Magnus Backstedt, vencedor da Paris-Roubaix, corre hoje com uma moderna AR-1 da alemã-americana Felt. O projeto tem parentesco com a Soloist da Cerveló, isto é, uma bike rígida, confortável e aerodinâmica (!!). O quadro da AR-1 é baseado na famosa Felt DA (foto) de contra-relógio, projetada pelo mago Jim Felt. Backstedt afirma com todas as letras: "é a melhor bike que já usei".
Cavendish, quando foi correr pela High Road com as bikes Giant não gostou nem da bike nem da rigidez do quadro. Os engenheiros da empresa imediatamente iniciaram um projeto onde Cavendish era o piloto de testes da nova bike top-de-linha da fábrica. Após 6 protótipos e 4 vitórias de etapas no TDF Cavendish declarou: "Ajudei a construir uma bike que tem tudo que eu esperava de uma bicicleta. É a melhor bike que já andei." A bike idêntica àquela desenvolvida por Cavendish entrou em produção e hoje pode ser comprada por qualquer ciclista.
Já a americana Specialized, escalou Tom Boonem e Paolo Bettini para desenvolver a sua Tarmac SL2. Boonem também não gostou da bicicleta inicialmente, reclamou inclusive de dores nas costas, achou pouco rígida e desconfortável. A Specialized, milionária fábrica americana, nao poupou recursos e colocou seu time de engenheiros para dar a Tom Boonem tudo que ele quisesse. Daí saíu uma bike que a Specialized argumenta ser a mais rígida e leve existente.
Detalhe fundamental : Em todos os casos citados, o fabricante vende exatamente a mesma bicicletas usada pelos profissionais nas lojas especializadas. A Cerveló, por exemplo, faz disso sua maior propaganda.
A Cerveló é um conhecido caso de união entre engenharia de ponta com um time de ciclistas como Sastre, Cancellara, Basso dispostos a aperfeiçoar e usar a melhor bicicleta que uma fábrica inovadora pudesse fabricar.
O melhor de tudo isso??? Os preços das bikes fabricadas na Ásia são significativamente mais baixos do que aqueles das tradicionais marcas européias como Pinarello, Colnago e Time.
Já a experiência na bike, garantem Boonem, Cavendish, Cancellara, Sastre e cia, não poderia ser melhor do que nessas bikes tecnologicamente inovadoras e avançadas.
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