terça-feira, 4 de agosto de 2009

O quanto devemos treinar?


Marcelo Rocha.

Talvez um dos maiores enigmas do esporte até hoje seja a quantidade necessária de treino. Desde o praticante entusiasta até o atleta de alto rendimento sofrem com essa questão; principalmente com um universo cercado de palpiteiros e “entendidos”.

Uma conversa comum em rodas de praticantes é que o treino deve atender a distância a ser cumprida. Por outro lado não há absolutamente NADA na literatura que nos respalde para tal afirmação; pelo contrário, sabemos que bons treinos podem ser bem mais curtos do que as competições pretendidas. Ao invés de tentar adivinhar o quanto treinar o melhor seria procurar um profissional habilitado e qualificado para que prescreva seu treinamento; o problema é que a maioria dos profissionais vive afundada em paradigmas e mitos criados acerca do treinamento desportivo.

Há pouco tempo perdemos o pai da famosa periodização do treinamento (talvez alguns que a utilizam nem saibam que ele morreu), antes de falecer MATVEEV foi bastante questionado e criticado pelo modelo tradicional de periodização do treinamento que criou. A maior parte dos questionamentos girava em torno da necessidade de algumas fases que todo ano eram repetidas pelos atletas, e que na verdade poderiam ser diminuídas ou até mesmo esquecidas.

Muito mais do que treinar distâncias ou determinado tempo, você deve saber ao certo o sistema energético que está treinando, bem como intercalar estímulos e intervalos de recuperação adequados (tanto durante o treino, como entre os dias de treino). Veja abaixo alguns dos tipos de estímulos e intervalos que devem ser treinados:

(Adaptado de Vólkov, 2002)

Acão treinada

Intensidade

Duração

Pausas de repouso

Carac. do repouso

Repetições

Potência anaeróbia aláctica

máxima

7-10 seg.

2-3 min.

passivo

5-6

Capacidade anaeróbia aláctica

máxima

7-10 seg.

0,3-1,5 min.

passivo

10-12

Potência anaeróbio glicolítica

sub-máxima

20-30 seg.

6-10 min.

ativo

3-4

Capacidade anaeróbio glicolítica

sub-máxima

40-90 seg.

5-6 min.

ativo

>10

Potência aeróbia

moderada

0,5-2,5 min.

0,5-3,0 min.

ativo

10-15

Capacidade aeróbia

moderada

1-6 min.

1-6 min.

ativo

>10

Eficiência aeróbia

leve

15-30 seg.

15-30 seg.

ativo

>20

O que está descrito na tabela acima faz parte de uma teoria do treinamento desportivo intervalado muito difundida no leste europeu e entre as grandes potências do esporte mundial. Seja mais seletivo e qualitativo nos seus treinos; procure orientação adequada e habilitada para que sua prática de esportes (seja qual for o nível) se torne mais eficaz e condizente com seus objetivos e capacidade.

Bibliografia consultada.

- VOLKOV I. V. (2002): Teoria e Prática do Treinamento Intervalado no Esporte. Campinas: Multiesportes.

- VERKOSHANSKIJ Y. (2001): A crise da concepção da periodização do treinamento no esporte de alto nível. http://www.efdeportes.com · Año 6 · Nº 32.

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