Marcelo Rocha.
Talvez um dos maiores enigmas do esporte até hoje seja a quantidade necessária de treino. Desde o praticante entusiasta até o atleta de alto rendimento sofrem com essa questão; principalmente com um universo cercado de palpiteiros e “entendidos”.
Uma conversa comum em rodas de praticantes é que o treino deve atender a distância a ser cumprida. Por outro lado não há absolutamente NADA na literatura que nos respalde para tal afirmação; pelo contrário, sabemos que bons treinos podem ser bem mais curtos do que as competições pretendidas. Ao invés de tentar adivinhar o quanto treinar o melhor seria procurar um profissional habilitado e qualificado para que prescreva seu treinamento; o problema é que a maioria dos profissionais vive afundada em paradigmas e mitos criados acerca do treinamento desportivo.
Há pouco tempo perdemos o pai da famosa periodização do treinamento (talvez alguns que a utilizam nem saibam que ele morreu), antes de falecer MATVEEV foi bastante questionado e criticado pelo modelo tradicional de periodização do treinamento que criou. A maior parte dos questionamentos girava em torno da necessidade de algumas fases que todo ano eram repetidas pelos atletas, e que na verdade poderiam ser diminuídas ou até mesmo esquecidas.
Muito mais do que treinar distâncias ou determinado tempo, você deve saber ao certo o sistema energético que está treinando, bem como intercalar estímulos e intervalos de recuperação adequados (tanto durante o treino, como entre os dias de treino). Veja abaixo alguns dos tipos de estímulos e intervalos que devem ser treinados:
(Adaptado de Vólkov, 2002)
Acão treinada | Intensidade | Duração | Pausas de repouso | Carac. do repouso | Repetições |
Potência anaeróbia aláctica | máxima | 7-10 seg. | 2-3 min. | passivo | 5-6 |
Capacidade anaeróbia aláctica | máxima | 7-10 seg. | 0,3-1,5 min. | passivo | 10-12 |
Potência anaeróbio glicolítica | sub-máxima | 20-30 seg. | 6-10 min. | ativo | 3-4 |
Capacidade anaeróbio glicolítica | sub-máxima | 40-90 seg. | 5-6 min. | ativo | >10 |
Potência aeróbia | moderada | 0,5-2,5 min. | 0,5-3,0 min. | ativo | 10-15 |
Capacidade aeróbia | moderada | 1-6 min. | 1-6 min. | ativo | >10 |
Eficiência aeróbia | leve | 15-30 seg. | 15-30 seg. | ativo | >20 |
O que está descrito na tabela acima faz parte de uma teoria do treinamento desportivo intervalado muito difundida no leste europeu e entre as grandes potências do esporte mundial. Seja mais seletivo e qualitativo nos seus treinos; procure orientação adequada e habilitada para que sua prática de esportes (seja qual for o nível) se torne mais eficaz e condizente com seus objetivos e capacidade.
Bibliografia consultada.
- VOLKOV I. V. (2002): Teoria e Prática do Treinamento Intervalado no Esporte. Campinas: Multiesportes.
- VERKOSHANSKIJ Y. (2001): A crise da concepção da periodização do treinamento no esporte de alto nível. http://www.efdeportes.com · Año 6 · Nº 32.
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